segunda-feira, 16 de abril de 2012

PEDRO GATO

PEDRO GATO


Em um cantinho do sertão, onde a lei não havia chegado, formou-se um vilarejo a muitas léguas da cidade. Chamada de Pedro Gato, (Vila do Pedro Gato), vilarejo ao pé da serra, escondida no meio do mato. É terra de gente valente, povo que medo de nada tem, vivem numa certa harmonia, ariscos, provoca-los não convém.

Um tal de Pedro mudou pra lá, casinha simples, quase no centro do povoado, homem de cor escura, mulato ao sol torrado. O caboclo tinha dois filhos, o mais velho era rapaz já feito, muito educado e trabalhador, nele não era achado defeito.

O mais moço era gazeteiro, de tudo dava noticia, e certa vez, por falar demais, prometeram fazer de seu couro, cortiça. Senhor Pedro para intimidar os inimigos do filho seu, um aviso mandou rolar, “fala aí a estes garotos, que querem em meu filho tocar, sou da paz, mas não sou veludo, viro leão se me acuar, por meus filhos dou a vida, não me tente, posso estourar”. Cutucar onça com varra curta é suicídio, cuidado, o bicho vai pegar.

Na entrada da casa do senhor Pedro, um jardim de folhagens ornamentavam o espaço, protegidos por um estacado de aroeiras, muitas flores penduradas aos cachos. Tinha uma cancela de pau, cravada em um esteio bem alto, no seu tôpo um sino de bronze, por uma corrente amarado, era para espantar os lobos que vinha por estes lados.

Para dar sinal de alerta o sino também servia, tocavam-no na hora do almoço e também na Ave- Maria. Porem virou ponto de mira para o revolver de senhor Pedro, que sentado na mureta da varanda, disparava com certeza, a bala resvalava no bronze mostrando sua proeza.

Logo a noticia correu “Seu Pedro está trinando, certamente para matar, a quem tocar em seu filho, este é o rosnado que o leão dá”.

Assim virou mania, atirar no sino só pra ver o seu cantar, tinia retumbando na noite, logo alguém começava a comentar, “isto é tiro de Seu Pedro treinando para matar”.

Os rapazes acovardaram da briga, logo a paz voltou a reinar, Seu Pedro guardou um segredo, que só muito velhinho contou, “dos tiros que dei no sino, nem todos acertaram, mas o tinido do sino sempre se ouvia, vou contar como ocorria, resultado de um plano que bolei na manhã de certo dia, para respeito impor, e livrar desta ingresia”.

Cada tiro que disparava a noite no sino, era difícil de acertar, mandava meu filho bater-lhe com pau na hora que eu disparar. O sino tinia na noite, fazendo todas acreditar, que eu era mesmo valente, disposto até mesmo a matar.

Assim só três conheciam o segredo, eu, meu filho e o sino... este é metal, não pode me falar.



Fim

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