terça-feira, 2 de agosto de 2011

Lobisomem... será?

Era tempo de quaresma, me lembro de um ocorrido que me faz perceber que nem todos para esta época teen a mesma reserva. Em uma casa comercial aqui em Morro da Garça, aconteceu certa vez que, em um fim de semana no período da quaresma, para quebrar o parasmo daqueles dias, um comerciante resolveu colocar umas musicas de forro, visando apenas alegrar a noite em seu estabelecimento. Esta venda era montada conjunta com sua residência, onde um cômodo grande abrigava a parte comercial e uma porta aberta na lateral, dava acesso à sala de jantar da casa. Não sou supersticioso, mas me lembro que era uma dia de sexta-feira... A noite começou com o sol perdendo sua cor de ouro para um alaranjado alcançando o vermelho do fogo, coisa que chamou a atenção de muita gente, que ao olhar para ao céu, se benziam fazendo o sinal da cruz pelo rosto. Enquanto o sol se escondia detrás do morro, deixava avermelhada a linha do horizonte. Cai a noite, na vitrola as musicas de forró atraem adeptos que pouco a pouco se acomodam beirando o balcão do comercio e outros ocupam as cadeiras sob a coberta enfrente ao estabelecimento. Naquela noite o povo não dançou, mas, agruparam-se em papos arrojados, e no balcão se via muitos copos e garrafas de cerveja. Um grupo de rapazes que vieram de uma fazenda próxima, conversavam eufóricos, contando suas bravuras e valentias, enquanto um deles se afastou do grupo para atender a chegada de uma menina que a muito era seu querer bem. Ficam ali conversando sem se preocupar com as horas que passam. Pouco mais de dez da noite os rapazes que tomavam reunidos pagam as contas, e saem chamando o companheiro para o regresso á fazenda. O jovem enamorado manda que sigam, pois estando de bicicleta, logo os alcançariam na estrada. Como moça sempre rouba o juízo das pessoas, com aquele rapaz também não foi diferente, passaram quase duas horas para que o mesmo se conscientizasse que já deveria ter ido embora a muito tempo. Despede-se da moça, monta em sua bicicleta e vira um traque no mundo, correndo na esperança que os companheiros tenham parado para o esperarem no caminho. A lua já iluminava a terra como se estivesse andando com uma lanterna acêssa, o jovem sentia o cansaço causado ao pedalar na ladeira que se inclinava em direção ao morro, e este se destacava imponente em linha horizontal. Enquanto desce da bicicleta olha para o céu rapidamente e contempla o astro em seu tamanho maior. Nisto, ouve um barulho que vinha de dentro do mato, o instinto o alerta, o que poderia ser?... Enquanto caminha, firma os olhos em direção ao barulho, e, entre as sombras das árvores percebe um enorme cachorro preto que o olhava afinto, mas estava parado, apenas o observava. O valente rapaz, acostumado a lidar com bois bravios e potros chucrus, não se impressionou com um cão parado no meio do mato. Continuou seu caminho empurrando a bicicleta estrada acima, mas na mesma velocidade, o animal o acompanhava pelas sombras do mato e isto lhe chamou a atenção, pois não trouxe com ele nenhum animal da fazenda, incomodou-se ao ver aquele cachorro o vigiar sob a escuridão das árvores. Já vencendo a ladeira o valente vaqueiro pega uma pedra de tamanho que lhe enchia a palma da mão, e a assovia em direção ao cão, enquanto deu um grito para afugentar pra longe o animal. O cão se esquiva da pedra e para numa posição de ataque, abaixa-se nas patas dianteiras, mantendo o olhar sempre fixo em seu agressor, deixou exalar sua raiva em um rosnado agressivo, iluminado nesta hora pelo clarão da lua que pareceu colocar duas labaredas de fogo no lugar de seus olhos. Os medrosos já estariam longe, mas o valente também sabe que agora é hora de correr. Voando sobre sua bicicleta, faz a poeira ocultar seus rastos.
Na noite de sábado, os mesmos jovens retornam para o ponto do gole. Aí, enquanto o vaqueiro valente está recostado no balcão a deliciar sua cerveja, se aproxima um homem de estatura pequena, quase maltrapilho e com roupas cobertas de poeira da estrada..., lhe bate a mão no ombro e o vira para sua direção, fitando-lhe no rosto disse:
____ Se aquela pedra me acertasse, você ia ver como eu te rasgaria todo no dente, seu medroso, eu não estava lhe fazendo nenhum mal...

Eu hem...! lobisomem... será?

Mãeeeeeee!
Adilson Silveira
Quaresma de 2009.