sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MORANGO MÁGICO

___ Olha o papai aqui!...
Rapidamente as crianças deixam no sofá os controles do vídeo games, e se agarram ao pai que chega do serviço. Enquanto demonstram afeto, o menino lhe cobra:
___ cadê pai, o que o senhor prometeu que traria?
Tirando a mão direta detrás das costas, ele exclama quase cantando:
___ olha, olha, olha o que o papai trouxe!
___ estes morangos são só meus.
Gritou o menino se agarrando na caixa de morangos vermelhinhos que seu pai lhes havia prometido, quando voltasse do serviço. Nesta hora a menina já agarrada na caixa disputa com o menino o direito aos frutos. O pai lhes chama a atenção e recomenda:
___ Não quero ver brigas hem, entrem num acordo e comam sem bagunça: entendido?
O menino muito astuto, enquanto comia pensava em como passar um trote na irmã, que deliciando comia o ultimo morango da sua parte. O garoto já de plano feito, reserva um dos frutos e sai para o quintal dizendo em tom macabro:
___ Este morango é o ultimo da caixa, ele é encantado, tem o poder da vida, matando a fome do mundo, ou de matar uma família inteira se for colhido antes da hora, há há há há há... há há
___ Mano, pare com isto, coisa mais boba; os morangos estão é muito saborosos, se não quer comer este, me da que eu como.
___ Não, este não pode ser comido, ele é encantado e eu sou seu guardião. Eu o enterrarei no jardim e vigiarei até que ele nasça, cresça e dê muitos frutos.
Assim, seguido pela irmã o menino, caminhando tal qual Merlym, vai para o jardim, cava um buraco no chão e ali enterra o fruto encantado. No capricho de seu plano, coloca uma folha verdinha de morango, para tornar mais real seu poder e mago.
___ Seu mágico mentiroso, eu não acredito em nada disto...
­­___ Então arranque este morango e verá o fim de toda nossa família...
­­­___ deixa de ser palhaço, achas que sou boba de acreditar numa brincadeira desta...
___ Não faça pouco de mim, minha mágica é poderosa, se este morango for desenterrado antes de dar mais frutos, toda nossa família morrerá, começando por mim.
___ Pois o desenterrarei agora, mago de meia tigela.
___ Por favor, não faça isto, eu lhe imploro!
Dramatizou o menino, em súplica desesperada. Mas a menina se ajoelha no chão e cavando com as mãos mantém os olhos fixos no irmão, com ar de quem espera ver desmascarada sua magia. De repente um grito “achei”, seu irmão grita desesperado por sua vida “nãããão!” mas já é tarde.
Puxando de uma vez o morango, a menina sente o coração querer lhe sair pela boca ao ver seu irmão gritando e caindo como quem morria fulminado por um encantamento maléfico. Em choro desesperado a menina grita.
___ Meu Deus, matei meu irmão, certamente morrerá meu pai e minha manzinha. O que vou fazer se ficar sozinha no mundo. Não vou agüentar, morrerei também, será o fim de minha família.
Gritando pela mãe, sai correndo em direção á cozinha, mas antes de alcançar a porta, para, ao ouvir o irmão cantando em grande algazarra.
___ Minha irmã é boba, / caiu na pegadinha, / ficou desesperada, / quando viu a morte minha.
Sentido novamente a alegria de viver a menina se volta para o irmão e lhe dá uma bronca com grande sabedoria:
___ Nunca mais, assim comigo volte a brincar,
em morte não perco tempo a pensar,
para mim, morte não tem vida, ta? ...

Adilson Silveira01-2010

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