sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Fé e a Graça Alcançada

___ Augusto, me deixe o dinheiro para comprar uma lata de tinta, assim que tiver um tempinho, eu mesma pintarei o armário da cozinha.
___ Larga disto mulher, já está inventando moda.
Mesmo resmungando, o dinheiro fica sobre a mesa da cozinha. O relógio batia a caminho de meio dia, de uma loja de tintas, Dona Francisca saía, organizando a compra dentro de sua sacola de feira. Com carinho, serve o almoço aos filhos e os libera para brincarem no quintal. Enlaçando o avental na cintura, observa o casal de filhos que brincam sob sombra de um flambo-iam. Depois dos afazeres do lar, usando uma chave de fenda, extrai a tampa da lata de tinta azul, emolindu-a com solvente, abastece o reservatório da pistola que deixará seu armário semi-novo. As crianças atraídas pelo barulho do compressor ligado, deixam a brincadeira e vêem ver a arte de sua mãe. Um jato de tinta aqui, outro ali, vai deixando como novo, o velho armário da cozinha.
De repente, pitiziii, a pistola de tinta parou, entupiu!...
Pobre Dona Francisca, a falta de pratica a deixa insegura, nervosa, certamente até ensaiou alguns palavrões para desabafar, mas diante das crianças não seria conveniente. Pensando alto fala:
___ Bom, se entupiu, o negocio é desentupir”.
Sai como doida, em carreira para a estante, lá haviam alguns preginhos guardados dentro de um copo de vidro. Pega o mais fino, usando a ajuda de um martelo tenta desentupir a pistola de tinta. Força um pouco de um jeito, um pouco mais de outro, sem se lembrar que o compressor continuava ligado, pondo em risco a operação – funciona trem -. Seu casal de filhos ali pertinho, só olhando a luta da mãe com aquela maquina, até se divertiam.
O compressor continuava em sua função, súbito: buuumm, a mangueira não agüentou a pressão, explodiu esguichando tinta azul por toda parte, acertando em cheio o rosto de sua filhinha, que caiu sentada com o baita susto levado. A mãe se desespera:
___ Meu Deus, meu Deus, que foi que eu fiz, matei, matei minha filhinha, coitada.
Logo se refaz do susto e acolhendo a menina nos braços, tenta abafar- lhe o choro com um abraço. Mas isto é pouco, pegando-a pelos ombros, estica seus braços e fala:
___ Chora não, minha filha, mamãe vai te limpar num segundo.
Passa a mão na lata de solvente, embebendo um pedaço de pano branco, tenta limpar-lhe o rosto, mas a solução química lhe queima a pele, fazendo-a chorar com mais desespero. Vendo que assim seria impossível e rogando sempre a Deus pela filha, corre com ela p’ra debaixo do chuveiro, com a intenção de tirar a tinta com a água morna que caia.
Seu filho (o mais velho), a acompanha tão assustado que nada conseguia dizer. A pobre mãe usava sabão, champoo e bucha de banho, mas, nada estava adiantando.
Vem o desespero, agora ajoelhada na frente da filha começa a chorar e rezar, em meio as orações, roga a Nossa Senhora de Aparecida que mostre como tirar a tinta que lambuzou todo o rosto de sua filha.
O menino que a tudo assistia e ouvia, corre até a cozinha, volta ao banheiro com uma lata de óleo de soja na mão, estica o braço e fala p’ra sua mãe:
___ Toma mãe, passa nela...
___ Isto é óleo de soja menino, vá colocar lá na cozinha, depressa.
O menino, mantendo o braço esticado em oferta, insiste:
___ Sei que é óleo mãe, mas passa, passa assim mesmo mãe, vai, passa...
Pegando a lata, a pobre mãe que já não sabia o que fazer, molha o dedo no óleo e o passa sobre a pele azulada, no rosto da filha, em pranto percebe que o óleo retirava a tinta, como que a esponja retira o branco do giz de um quadro negro.

A emoção foi tanta que até o menino entrou sob o chuveiro para ajudar a tirar a tinta que colou em sua irmã.

(este testemunho de fé, é baseado em fartos verídicos)

Adilson Silveira-
01-2010

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