terça-feira, 11 de agosto de 2009

A ESTÓRIA DO BOI DA MANTA

Boi da Manta, é fantasia
e sua estória vou contar,
Boi símbolo de alegria,
por toda gente do lugar.

Quer em noite de lua cheia,
Ou numa festa popular.
Alguém pega o boi da manta
E sai pelas ruas a vagar.

Boi da Manta é boi tranqüilo,
Muito manso... eu vou contar,
razão porque apareceu
este boi, neste lugar.

Foi nas terras da D. Joana,
(A Joaninha do arraia).
Existiam umas juntas de bois
Todos treinados a carrear.

Num dia santo de guarda,
Por devoção, ninguém foi trabalhar.
Estavam os bois soltos no pasto
Dividido por arame de farpar.

A lavadeira da fazenda
Pôs as roupas pra quarar,
Entre elas uma manta vermelha
Muito bonita de se olhar.
Nisso vem um boi carreiro,
O mais manso que já vi .
Vendo aquela manta vermelha
Logo, pegou a mugir
Ficou com raiva da manta,
Acho que sua cor não o agradava.
Pois lembrava o sangue de boi,
Que muitas vezes, no serviço pingava.

Avançou com raiva na colcha,
e encima dela pisou.
Mandou-lhe os chifres com força,
com vontade de rasgar
e saiu correndo pro mato,
quando eu a quis tomar.

Embrenhado no meio do mato,
muito tempo ele ficou,
só voltando quando a manta,
do seu chifre desgarrou.

Dizem que esta manta,
ninguém mais pode encontrar.
No outro dia bem cedo,
quando eu fui carrear,
perguntei então à patroa,
qual boi devia pegar?

O que ela então me disse,
Na hora me causou espanto:
___ Pega aí qualquer boi,
mas não me pega o boi da manta,
vou chamar o açougueiro,
para este boi matar,
pois boi que me der prejuízo,
aqui não pode ficar,
vou dar sumiço em seu couro,
pra nunca mais mingúem lembrar,
este boi foi desordeiro ,
ao minha manta rasgar.

Fui então pra labuta,
pensando no pobre do boi,
sentia seu triste fim,
Para um carreiro, que tão bom foi!

Trabalhava todo dia ,
na guia do carroção ,
não merecia este fim,
mesmo sendo um pobre pagão.

Não trabalhei direito,
pois meu coração doía.
Sentindo pena do boi
e do triste fim que teria.

Voltei mais cedo pra sede
sentindo a tristeza no ar,
cheguei a sentir raiva da Patroa,
por aquela atitude tomar.
Se pudesse eu comprava, outra manta
praquele animal salvar.


No meio do caminho eu vi
O tempo então se fechar.
Ouvi um mugido distante
e pude então perceber,
era o fim do boi carreiro
que acabara de morrer.

Pedi as contas da fazenda,
pra outras bandas mudei.
Nunca mais vou ser carreiro!
Esta jura, eu deixei:

Só quem já carreou,
é que sabe, o que senti,
aquela mulher ao mandar matar o boi,
Matou um pouco de mim.

O tempo passou. . . ! e um amigo me disse,
que pelas bandas da fazenda,
nada mais ali restou.
D. Joana enlouqueceu, com uma assombração que surgiu,
mugindo em noites clara,
causando grade arrepio.

É a assombra do boi que um dia,
por ignorância mandou matar.
O seu sangue manchou a terra,
com um desenho a reparar.
É o mesmo desenho da manta
Que nunca mais se pode achar.

E até hoje ele aparece,
a quem por ali passar.
Escuta-se ao longe um mugido
E depois se vê formar,
um boi coberto com uma manta.
Acho que é a tal. . . que alguém jamais
Conseguiu encontrar.


Adilson Silveira – 07-2003

Nenhum comentário:

Postar um comentário