terça-feira, 11 de agosto de 2009

O MANTO, MEU PRESENTE AO MESTRE

____ Meu Deus, quanta injustiça!...
Clamava em prantos uma pobre viúva apertando sua filha ao corpo, tentando tapar-lhe o rosto com uma das mãos.
____ O domínio dos poderosos é como paga de nossos pecados, reduzindo-nos á escoria de um povo que não tem o direito a crenças ou opiniões, sempre dominados pelos poderosos.
A pobre mulher assim dizia, porque o poder do Império Romano, abafava e limitava o povo ás suas vontades.
____ Quando Senhor?... virá a verdadeira libertação que é sua promessa, e nossos antepassados acreditaram a ter vivido ao seguirem Moises. Senhor, como podem condenar a morte humilhante de cruz a um homem que só fez o bem, ensinou nas sinagogas e campos, esclareceu as escrituras dos profetas, e falou do reino de Deus pai com a autoridade de um verdadeiro filho.
Clamava em prantos, seguindo a passos lentos um cortejo de dor, que culminaria na maior injustiça que a humanidade já cometeu, um condenado em que o próprio rei não lhe achou culpa alguma.
____ Pobre Jesus, por sua mansidão e realizar grandes milagres, despertou o ciúme do Cinédrio, que fez de Cristo um inimigo e jogou os miseráveis contra Ele.
A multidão dos injustos está inflamada pela influencia dos sacerdotes do cinédrio, que são homens de posses e de grande influencia junto ao Imperador e ao rei. Indignada a mulher tentava mostrar á filha as qualidades do homem que carregava a cruz.
____ Veja filha, este homem que passou por nos, todo desfigurado sob o jugo de chibatadas e chutes, levado ao topo do calvário como se leva um animal ao abate, é o mesmo Jesus que um dia em nossa casa lhe devolveu a vida quando você jaz morta a horas, Este Santo adentrou a nossa casa e pedindo a todos que se retirassem lhe tomou pelas mãos e mandou que se levantasse e lhe déssemos de comer, pois, certamente você estaria com fome. Filha. Quanta dor ao vê-lo cair mais uma vez e quase ser esmagado pelo peso de sua cruz, que lhe é mais leve que todos os pecados e erros da humanidade. Se eu tivesse força e poder, lhe daria meu socorro, lhe livrando deste humilhante fim. Vejam!... mais um milagre, uma mulher limpou-lhe o rosto do sangue que lhe brotava por toda a face, escorrendo dos espinhos da coroa lhe cravada na cabeça com zombaria e insulto, por ser chamado rei dos Judeus. Vamos filha ver nas mãos da mulher o milagre na toalha que se tornou mais branca e em seu meio retrata a imagem limpa do inocente.
____ Ainda então todos admirados com a estampa na toalha quando o estalar dos martelos chama a atenção dos que seguem contritos aquela injustiça.
____ Meu Deus!, vejo Maria que chora o martírio do filho injustiçado, e seu clamor não ultrapassa nem mesmo as primeiras fileiras dos guardas que cortejam com zombaria o pobre Galileu. Minha dor também é imensa e se torna mais aguda ao ver os guardas que dividem os pertences de Jesus, e por acharem de valor a túnica tecida sem emendas que eu um dia lhe presenteei em gratidão por tê-la salvo, e Ele quando a usava, me enchia de orgulho ao saber que o Santo de Deus aceitou um presente desta humilde serva. Com ódio vejo-os lançarem sorte sobre o manto que representa toda minha gratidão e nela limparem as mãos para tirarem o sangue deste inocente que agora já está pendurado no alto de uma cruz, em meio a dois ladrões merecedores do castigo.

O tempo se fecha e uma chuva tempestuosa começa a cair lavando o corpo do Santo que levou toda a sujeira dos homens e mesmo aqueles que lhe fizeram tanto mal, o ouvem implorar o perdão por suas ignorâncias. Muitos já estão voltando para suas casas, assustados com o furor da chuva que mais parece um sinal do céu. A pobre mulher que não pode fazer nada, agora ouve o capitão da guarda dizer:
____ Guardas, acabem logo com isto, não quero ficar a tarde toda sob esta chuva, aguardando a morte destes condenados, quebrem suas pernas e vamos logo embora.
A pobre mãe ao lado de Maria, sente uma amargura ainda maior ao ver que, o guarda após quebrar as pernas dos ladrões se caminha para o lado de Jesus para cumprir a ordem de seu mandante. Mas Deus que é fiel em suas palavras, fez cumprir as escrituras que dizem: “nenhum osso lhe será quebrado”, assim o homem percebe que Jesus não respira mais, mas para ter certeza se sua morte o homem pega sua lança e lhe defere um golpe entre as costelas de onde jorra apenas uma liquido que não tem mais o vermelho do sangue. O guarda certo de sua morte, pega suas ferramentas acomodando tudo embaixo do braço, abaixa-se para pegar o manto que é sua paga pela sua sorte, mas pegando-o apenas com as pontas dos dedos, sente nojo ao ver o sangue que lhe escorria misturado ás gotas da chuva que lhe encharcara as fibras. Com repugno joga-o caminho abaixo, e aquela cena é vista pela mulher que um dia o tecera com tanto carinho. Rapidamente ela corre e o apanha, com carinho como quem ganhou um grande presente ela o afaga dobrando-o sobre seu braço e com ternura o aperta contra seu peito. Pega a filha pela mão e puxando-a para casa, descem a escorregadia lama daquele palco de horrores.
Três dias depois, proclamavam que Jesus havia ressuscitado, incrédula também corre ao túmulo para confirmar os boatos. Com emoção, sente um aperto no peito e um formigar nos olhos, enquanto as lagrimas lhe escorrem o rosto, da garganta a vós lhe salta
_____ “Ele vive!!!”. Oh! Senhor, como estou feliz!.
Mas agora o preciso encontrar, para lhe entregar o manto que lhe foi tirado e lançaram sorte sobre ele, e o guarda com nojo do sangue que dele escorria, o jogou fora.
Os dias passam e muitos falam do ressuscitado, mas a pobre mulher não o consegue encontrar, passado quarenta dias ela fica sabendo que Jesus subiu ao céu, deixando o apostolo Pedro responsável pelo rebanho cristão, assim toma uma decisão:
____ Entregarei este manto a Pedro, pois Jesus lhe confiou tudo que Ele ama, Sei que Pedro ficará feliz em receber o manto que cobriu as chagas de nosso Senhor.
Adilson Silveira
10-05-2007.

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